Para entender o cenário de reivindicações dos
servidores federais, muitos em greve em todo o Brasil, é preciso levar em conta
dados que costumam não ser utilizados pelo governo. A matéria publicada nesta
segunda-feira no jornal “O Globo” é um dos exemplos que quase diariamente vemos
na mídia de informações que dificultam o entendimento das reivindicações justas
dos trabalhadores do setor público por melhores condições de trabalho e serviços gratuitos
de qualidade para o Brasil. A nota traz dado do governo de que entre 2003 e
2011, a despesa média por servidor cresceu mais de 120%. Para a Confederação
dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef) estes são dados que não
ajudam a entender a complexidade dos problemas enfrentados pela administração
pública que afetam principalmente o atendimento direto à população. Em relação
ao PIB (Produto Interno Bruto), por exemplo, os “gastos” com servidores
permanecem estagnados há mais de dez anos. Em 2000 essa relação era de 4,8%
enquanto que em 2012 a projeção é de apenas 4,15%. Outro dado que ajuda a
desmistificar esse cenário de vantagens esboçado pelo governo é a relação entre
despesas de pessoal e a Receita Corrente Líquida.
Essa relação ajuda a entender que em 1995 o Estado
utilizava 56,21% do que arrecadava em impostos com investimentos em pessoal,
incluindo aí o reforço na contratação de mão de obra especializada para
garantir a demanda de atendimento exigido pela população. Em 2011 essa
relação de arrecadação de impostos com investimento na administração pública
caiu para insuficientes 32,10%, na avaliação da Condsef e suas filiadas.
Significa dizer que ao longo das últimas duas décadas o percentual de impostos
pagos pela população para assegurar serviços públicos de qualidade foi decaindo
vertiginosamente. É por isso que dados isolados e que tratam de forma
generalizada os problemas da administração pública além de mascarar os reais
problemas do setor, não são suficientes para que a população entenda os motivos
que fazem com que o atendimento público siga crítico em áreas essenciais a
todos.
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