segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Vamos defender o HUAP! Amanhã às 10 horas


Na próxima terça-feira, dia 13-12-11, faremos Niterói parar para nos ouvir.
Nossos leitos que antes já eram poucos (por volta de 300) foram reduzidos para 134. Não temos mais emergência, as cirurgias eletivas foram suspensas (alguém sabe de alguma cirurgia feita de urgência nos últimos anos?), não temos mais enfermaria que seja adequada para quantidade de alunos, e do jeito que as coisas andam, talvez um dia estarei enviando esse email dizendo que não temos mais ambulatório. NÃO PODEMOS permitir!

Contamos com a presença de todos às 10h em frente ao HUAP. Todos nós temos mais do que carinho por esse hospital, TEMOS A OBRIGAÇÃO DE DEFENDÊ-LO!
Na sexta-feira passada alertamos para o começo do movimento e nos culparam de parar o trânsito até em São Gonçalo, algo improvável, pois o sentido do engarrafamento era exatamente oposto.  E detalhe, o trânsito de Niterói é como as águas calmas de um rio que sempre fluem, nós moradores dessa cidade sabemos entendemos muito bem essa ironia.

Então, avisem a todos, terça feira às 10h, Niterói vai parar. Mas até no caos há sentido, e o nosso sentido é lutar pela saúde, pela educação... por nossa formação.
 Segue o texto escrito por uma cirurgiã do HUAP.

RELATO DE UM PROFISSIONAL DO HUAP.
"Sou cirurgiã do Hospital Universitário Antônio Pedro - HUAP há 22 anos. E fui aluna da escola de medicina. Aprendi a ser médico naquela casa, onde convivo desde 1983.

Certamente eu conheço o hospital, ele é um pedaço da minha vida. E eu o defendo como se deve defender um pedaço da vida da gente. Mas eu também o defendo, e principalmente, em nome da responsabilidade de cada profissional de saúde e de cada cidadão a quem o hospital deve servir.

Em nome de todas as pessoas que precisam ou precisaram ou vão precisar de um atendimento médico naquele que é o único hospital dedicado a alta complexidade nas cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito, Região dos Lagos e adjacências.

O HUAP provê transplante renal, tratamento de alta complexidade para hepatite e cirrose hepática, cirurgia pediátrica e neonatal, neurocirurgia, quimioterapia, entre tantas outras terapêuticas de alto custo e alta complexidade, inclusive algumas que estão disponíveis de forma extremamente limitada nos setores privados da saúde. Para todos, com alta qualidade e sem uma alternativa na região.

Em nome daqueles que estão aprendendo aqui a ser profissionais de saúde. Estudantes de medicina, enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia, serviço social. Estas pessoas têm o direito e o dever de ter boa formação técnica, ética e social. Estas pessoas precisam de uma grande oferta de trabalho para amadurecerem como profissionais que depois vão servir à população nos mais diversos locais. Inclusive na saúde privada e nas áreas de pesquisa.

Em nome de quem faz pesquisa aqui, e sonha e pode prover um futuro melhor para todos. O hospital serve à população. A toda ela. E está, neste momento, extremamente restrito em seus atendimentos. As vagas para internação foram reduzidas a cerca de 50%. Os atendimentos cirúrgicos não emergenciais estão praticamente paralisados, em todas as áreas de especialidade, principalmente por deficiência e pessoal em algumas áreas estratégicas.

Causa-me espécie que estas coisas, embora tenham sido previstas e venham sendo ventiladas pela direção do hospital há mais de 6 meses, inclusive em comunicados à imprensa, não sejam comentadas como o problema grave que representam e não gerem a devida reação da sociedade civil.

Quase o total de comentários que vi na imprensa hoje a respeito da manifestação dos estudantes em defesa do hospital ontem (sexta feira, 9 de dezembro) foram sobre os problemas de trânsito secundários ao movimento na Avenida Marquês de Paraná.

Por favor, acordem, pensem. Defendam o nosso hospital. Ele serve a todos. A toda gente da região. De qualquer idade, de qualquer gênero, com qualquer história. Com poder de compra ou sem ele. Doente ou sã. Lembrem-se, mesmo quem está são convive com quem está doente, ama gente doente, pode estar doente um dia, precisa viver numa sociedade na qual a saúde, a cura e o apoio a quem precisa predominem.

Lisieux Eyer de Jesus - Cirurgiã Pediátrica - Presidente da Sociedade de Cirurgia Pediátrica do Estado do Rio de Janeiro - Presidente da Sessão de Cirurgia Pediátrica do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

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