Voluntariado,
transformação e a sociedade brasileira
THIAGO A.
SOARES PINTO *
PLANETA VOLUNTÁRIOS
PLANETA VOLUNTÁRIOS
A origem
do trabalho voluntário no Brasil remete-nos à colonização portuguesa, nos idos
de 1512, com as Santas Casas de Misericórdia que atendiam os mais necessitados,
passando pelo início do século 20, período em que o trabalho voluntário era
praticado pelas damas da caridade, senhoras de famílias tradicionais que se
ocupavam das ações filantrópicas para promover sua imagem por meio da ajuda aos
carentes.
A Constituição
Federal de 1988, ao trazer a retomada dos direitos e garantias individuais,
permitiu que os movimentos sociais, antes reprimidos pelo regime militar,
ressurgissem oportunizando ao trabalho voluntário conquistar espaço e expressão
na sociedade brasileira.
Os
últimos 20 anos foram de solidificação da importância do voluntariado para o
desenvolvimento social o que se deu, também, por contribuição do Programa
Comunidade Solidária, promovido pela então primeira-dama Ruth Cardoso, que
objetivou uma reorganização do Terceiro Setor e, por óbvio, do trabalho
voluntário; além de outras ações importantes como a mobilização social que
resultou na Lei federal 9.608/98 trazendo o trabalho voluntário ao ordenamento
jurídico brasileiro.
Esta
história e as movimentações da sociedade organizada proporcionaram notoriedade
ao voluntariado, conduzindo-nos a um novo olhar: ser voluntário para inovar no
tratamento das afetações sociais, focando a prevenção e não apenas a reparação.
Trata-se do novo voluntariado, a partir do qual o cidadão deixa de olhar com dó
para as dificuldades sociais, percebe-se copartícipe da sociedade e, portanto,
corresponsável no enfrentamento dos problemas sociais.
Mas,
certamente, esta reflexão traz consigo uma dúvida: teria, então, o novo voluntariado
que ser pautado por grandes ações, geradoras de resultados expressivos e de
ampla repercussão? Sem dúvidas, não!
O que se
busca são ações que não estejam sustentadas na ideia da compaixão, mas focadas
na participação cidadã. A ação voluntária, em si, pode ser simples como,
mensalmente, coletar doações para uma instituição; ou complexas, como organizar
uma campanha de conscientização sobre determinado assunto importando, apenas,
que a motivação desta prática seja a colaboração transformadora e não o mero
assistencialismo registrado em nossa história.
Dois
aspectos importantes que influem no trabalho voluntário são: os requisitos e a
carga horária. Subjetivamente, devem-se observar os requisitos da disposição e
da aptidão. Disposição para encarar com responsabilidade o trabalho voluntário;
e aptidão (capacidade) para desenvolver a tarefa proposta.
De modo
simples: qualquer pessoa pode ser voluntária, desde que tenha boa vontade e
alguma habilidade para doar. No âmbito legal, requer-se que a ação seja realizada
em instituição pública (órgãos e entidades governamentais em geral) ou
instituição privada sem fins lucrativos e com objetivos filantrópicos.
Nada que
assuste: uma ONG ou algum projeto social promovido pelo governo. No tocante à
carga horária, diante da omissão deixada pela Lei 9.608/98 e da análise da
legislação esparsa, fica a recomendação para que a ação voluntária esteja na
margem de quatro horas semanais, garantindo a qualidade das demais atividades
de nossa vida (lazer, trabalho etc.).
Outro
aspecto relevante é o plano dos direitos e deveres relativos ao voluntariado: é
obrigação do voluntário, por exemplo, desenvolver com responsabilidade e
continuidade a atividade com a qual se comprometeu e informar à instituição
quando não puder mais comparecer, pedindo para que seja celebrado o Termo de
Desligamento que, mesmo não previsto em lei, representa importante garantia
tanto ao voluntário quanto à instituição.
E este
termo nos coloca no campo dos direitos ao lembrarmos, também, que a lei
determina a celebração do Termo de Adesão ao Serviço Voluntário, no qual serão
especificadas as condições do trabalho voluntário, tais como: periodicidade,
horários e a atividade em si.
Agencia de Notícias do Terceiro setor
Mais informações à imprensa:
Bianca Garcia
agencia_noticias_3setor@hotmail.com
Bianca Garcia
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